quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Políticos

Por Merval Pereira - O Globo - 26/11/2011

Definitivamente a imprensa livre e as críticas não fazem bem aos políticos brasileiros, seja de que ideologia forem. Vários deles, ontem, tiveram ataques de nervos, reagindo de maneiras diversas, mas todas beirando a histeria, a críticas recebidas.


O deputado do PP Jair Bolsonaro, cuja atuação política é marcada por atitudes radicais e provocações baratas, teve o desplante de subir à tribuna da Câmara para insinuar, aos berros, que a presidente Dilma Rousseff tem tendências homossexuais.

Criticado por todos os seus colegas, disse que não pediria desculpas, mas tentou explicar que sua frase, embora possa ter dado essa impressão, não queria dizer que a presidente era homossexual, mas sim que ela "gostava" de homossexuais, no sentido de que apoiava suas reivindicações.

O mesmo Bolsonaro já protagonizara inaceitável episódio anteriormente, levando para o plenário da Câmara o tenente-coronel do Exército Lício Augusto Ribeiro, que prendeu e interrogou em 1972 o então guerrilheiro do Araguaia José Genoino.

O ministro das Cidades, Mário Negromonte, também do PP, derramou lágrimas (de crocodilo?) ao ser homenageado por seguidores numa tentativa de prestar-lhe solidariedade contra as denúncias de que seu ministério fraudou um documento para mudar projeto de transporte em Cuiabá para a Copa do Mundo: em vez de uma linha rápida de ônibus (BRT), a alteração permitiu, contra parecer técnico, a contratação de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), aumentando em R$700 milhões o custo da obra.

Há gravações de reuniões em que pressões claras foram feitas e documentos que provam que o parecer técnico original foi adulterado.

No entanto, o ministro se diz "perseguido pela imprensa do sul", que teria "desprezo por nordestino".

Também o ex-presidente José Sarney, atual presidente do Senado, soltou uma nota indignada em seu blog oficial, intitulada "A política e a burrice", em que afirma, entre outras coisas, que os que criticam o fato de a Fundação José Sarney ter sido assumida pelo governo do Maranhão, por proposta de sua filha, a governadora Roseana Sarney, reúnem "todos aqueles defeitos que movem o ódio político: a inveja, a burrice e a ingratidão".

Na visão do ex-presidente, são injustas as críticas "de alguns idiotas", pois doou com "grandeza, amor e desprendimento" ao povo do Maranhão "um patrimônio, como o que outros presidentes venderam, do meu valioso arquivo de mais de um milhão de documentos, três mil peças de museu de obras de arte e uma biblioteca de mais de 30.000 livros, muitos raríssimos, que acumulei ao longo de minha vida".

A Fundação Sarney funciona no Convento das Mercês, um prédio do século XVII, tombado pelo Patrimônio Histórico, que foi doado à família Sarney pelo aliado político e então governador Epitácio Cafeteira, o que também mereceu críticas.

Acho normal que um prédio público abrigue a fundação de um ex-presidente da República, embora essa não seja a prática internacional e nem mesmo local.

Os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula mantêm fundações com os mesmo objetivos de Sarney em prédios próprios e mantidas com doações privadas.

Daí a um estado pobre como o Maranhão ter que custear a manutenção da fundação vai uma distância grande, por mais que o estado deva comemorar seu filho ilustre, único presidente da República maranhense na História até o momento.

Seria preciso que o país tivesse mecanismos, como existem, por exemplo, nos Estados Unidos, para que os acervos dos ex-presidentes, quando fosse o caso, pudessem ser incorporados ao patrimônio nacional, como a Biblioteca Nixon, que acabou fazendo parte do sistema de bibliotecas nacionais do país.

Mas esse é um passo grande demais para um país de tantas necessidades.

Já o ex-deputado cassado José Dirceu voltou a seu tema obsessivo, o controle dos meios de comunicação, que ele chama de "regulamentação".

No seminário do PT para debater o tema, mesmo garantindo que não haverá ameaça à liberdade de imprensa, Dirceu fez críticas à imprensa de maneira geral, mas não se conteve e explicitou o objetivo da ação quando soltou, em meio a seu discurso, a seguinte pérola:

"Os proprietários de veículos de comunicação são contra nós do PT. Fazem campanha noite e dia contra nós. Só lamento que não haja jornal de esquerda, que seja a favor do governo."

Para desmenti-lo, mesmo que sem querer, o líder do PT, deputado Paulo Teixeira, fez uma homenagem aos blogueiros "de esquerda" que apoiam o governo, afirmando que eles ajudam a "democratizar a mídia".

O presidente do PT, Rui Falcão, arranjou um subterfúgio para justificar a obsessão petista de regulamentar a mídia, como eles chamam o conjunto de órgãos de informação que atuam no país.

Agora, em vez de controlar os meios de comunicação, intenção que sempre negaram, os petistas querem mesmo é "protegê-los" das leis do mercado.

O termo "controle social" da mídia, que era o mote principal sempre que se falava do assunto, será abandonado, por sugestão do ex-ministro da Comunicação do governo Lula Franklin Martins, que o considerou "ambíguo e ruim".

No seu lugar, surgiu a palavra "proteção". O presidente do PT, Rui Falcão, passou a usar o termo sempre que abordava o tema, alegando que sem uma legislação que a proteja, a "mídia" fica à mercê da "lei da selva".

Na mesma batida, Franklin Martins usou o argumento de que as regras que o PT quer criar servirão para proteger as emissoras de rádio e TV. Segundo ele, "comunicações é um vale-tudo, um faroeste caboclo".

E o PT, em vez de bandido, quer se apresentar como o "mocinho"...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Mau Cheiro

Por Ricardo Noblat, O Globo, 07/11/2011

Somente os muito ingênuos acreditam que os partidos brigam por cargos interessados em ajudar o governo a fazer o bem do país – e nada mais.




Nunca foi assim. E pelo jeito jamais será.



Os partidos ambicionam cargos para roubar. O dinheiro enche os bolsos dos seus dirigentes e financia campanhas que custam cada vez mais caro. É simples assim.



Surpreso? Não brinque.



Candidato rico pode até gastar parte do seu dinheiro para se eleger. São raros.



O senador Blairo Maggi (PR-MT) talvez seja um deles. Sua fortuna cresceu 356% entre 2006 e 2010 quando governou Mato Grosso pela segunda vez consecutiva. É o rei da soja. E a soja, sabe como é...



De remediado para baixo, candidato usa o dinheiro dos outros para se eleger. E fica devendo favores que depois tenta pagar no exercício do mandato.



Emplacar um protegido em cargo de relevo é meio caminho andado para pagar o que deve e sair com lucro. Perguntem ao experiente senador José Sarney se não é...



Há uma secretária de empresa estatal da área de energia que só faz uma coisa durante o expediente: cuidar dos interesses do senador. Ora ela atende o próprio, ora algum dos filhos dele.



Antes que passe pela cabecinha de Sarney a ideia de me processar, adianto logo: tudo o que ele faz, tudo mesmo, é legal. Fui claro? Fui convincente?



Estamos conversados. Adiante.



O PT só chegou ao poder que de fato importa quando resolveu se comportar como os demais partidos. Lula cansara de perder. Então arquivou a vergonha.



Certo dia, entre 1998 e 2002, chamou José Dirceu e disse mais ou menos isto: “Só serei candidato pela quarta vez se for para ganhar. E para ganhar vale tudo”.



Valeu, por exemplo, comprar o passe do Partido Liberal (PL) de Valdemar Costa Neto por pouco mais de R$ 6 milhões. Lula assistiu à compra sentado num terraço de apartamento, em Brasília.



Parte do dinheiro para a compra foi doada pelo seu então candidato a vice, José Alencar. O apoio do PL resultou em mais tempo de televisão e de rádio para Lula. Apoio de partido vale por isso.



No primeiro mandato, Lula recusou-se a pagar o preço pedido pelo PMDB para apoiá-lo. O PMDB queria cargos, muitos cargos. E autonomia para tirar proveito deles.



Contrariando José Dirceu, Lula imaginou que poderia governar comprando apoios a cada votação importante no Congresso. O mensalão derivou disso. E deu no que deu.



O loteamento do governo consumou-se no segundo mandato. E foi responsável pela montagem da coligação de 11 partidos que apoiou Lula e que depois apoiaria Dilma.



Pergunte a qualquer ex-presidente da República se os partidos que governaram junto com ele não se aproveitaram de cargos para roubar. Pensando melhor, não pergunte.



Todos negarão que isso tenha ocorrido. Há assuntos sobre as quais não se fala.



Na vida real, os governantes admitem certa margem de roubo. Caso o roubo vire um escândalo e o ameace, ele é obrigado a limpar a área. Os partidos e eventuais ocupantes de cargos públicos concordam que ele proceda assim. Desde que ninguém vá preso.



No programa “Zorra Total” da Rede Globo de Televisão, no último sábado, ouvi o comentário de um personagem cínico e ao mesmo tempo engraçado: “Voltar? Dinheiro de corrupção? Não volta. Volta vestido tubinho. Volta pantalona. Mas dinheiro de corrupção não volta”.



Bingo! É da regra do jogo. Sem prisão – salvo se temporária e curta. Sem devolução.



A verdade é relativa em países considerados livres. Em países dotados de regimes autoritários, existem verdades absolutas.



Posso dizer, por exemplo, que Dilma tem-se mostrado mais intolerante do que Lula com a corrupção. Ou posso dizer que Dilma não tem o cacife que Lula tinha para tolerar a corrupção. Assim será se lhe parecer.



Uma vez denunciados pela imprensa, Dilma livrou-se no curto período de 11 meses de governo de cinco ministros suspeitos de envolvimento com irregularidades. Tem um sexto aí na bica.



Em qualquer outro lugar já se teria dito com todas as letras e a ênfase necessária que o governo apodreceu. Sim senhor, apodreceu. Está dito.

O Respeitável Público

Por Merval Pereira - O Globo, 08 de novembro de 2011



Pode-se medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade pela maneira como seus líderes políticos são tratados quando caem doentes? O debate suscitado pelo tratamento de câncer do ex-presidente Lula no Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, provocou reações extremadas, especialmente quando se discute o fato de ele não ter procurado um hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) para se tratar.



É evidente que entre os que defendem essa postura nos meios de relacionamento social e na internet há os que o fazem desejando o mal ao ex-presidente, o que por si só denuncia que nosso sistema de saúde pública é considerado precário pelos que assim agem, mas também pelos que protestam contra a campanha, considerando-a uma "baixaria", sintoma de preconceitos não superados.



Mas não é possível esconder o fato de que Lula sempre se utilizou politicamente da saúde pública, bravateando que ela estava "próxima da perfeição".



Ou, ao inaugurar uma UPA em Recife, dizer que as instalações eram tão boas que dava até vontade de ficar doente para utilizá-las.



Quis o destino que naquele mesmo dia o então presidente Lula caísse doente, vítima de uma hipertensão, e fosse atendido no melhor hospital privado de Recife.



O ex-presidente tem todo o direito de ter o melhor tratamento que seu dinheiro possa pagar, mas não pode tentar convencer o eleitorado de que tem à disposição o melhor serviço de saúde pública que existe, porque não é verdade.



Já houve tempo em que as autoridades brasileiras procuravam o Hospital dos Servidores do Estado, aqui no Rio de Janeiro, uma referência hospitalar. E há hospitais públicos de excelência para o tratamento do câncer, como o Instituto do Câncer do Estado de S. Paulo ou o INCA no Rio.



Mas nesses, muitas vezes os remédios mais caros não são acessíveis pelo SUS, e seria preciso furar uma fila para ser tratado imediatamente, o que também identifica deficiências no sistema que o cidadão comum utiliza.



Nos Estados Unidos, presidentes e parlamentares costumam usar o Walter Reed Military Medical Center, um hospital considerado de ponta que fica próximo a Washington — em Bethesda, Maryland.



Na Inglaterra, a utilização de hospitais públicos é uma tradição, e o filho do então primeiro-ministro Tony Blair nasceu em um deles. Na França, os presidentes ou ex-presidentes que adoeceram se trataram no hospital militar Val de Grâce. François Mitterrand se tratou também no Salpêtrière.



Essas atitudes são exemplos de que o comum dos cidadãos tem à disposição o mesmo tratamento médico usado pelos dirigentes do país.



Aqui, nossa nomenclatura trata-se longe do sistema público de saúde, enquanto o respeitável público sofre nas filas.



Como destacou Carlos Alberto Sardenberg no seu artigo de segunda-feira no "Estadão", o Congresso Nacional fornece assistência médica praticamente irrestrita a deputados e senadores e, em muitos casos, a seus familiares e funcionários.



O pessoal do Ministério da Saúde também não se trata no SUS, mas na rede provida por um convênio particular. Militares vão aos hospitais das Forças Armadas.



A situação da saúde pública é semelhante à da educação pública, e o senador Cristovam Buarque, do PDT do DF, não usou as redes sociais, mas sim o Congresso Nacional, para exprimir sua indignação com a situação da educação brasileira.



Propôs simplesmente um projeto de lei em 2007 determinando "a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014".



Na justificativa, o senador afirma que "no Brasil, os filhos dos dirigentes políticos estudam a educação básica em escolas privadas. Isto mostra, em primeiro lugar, a má qualidade da escola pública brasileira, e, em segundo lugar, o descaso dos dirigentes para com o ensino público".



Esta "forma de corrupção discreta da elite dirigente", segundo Cristovam, "busca proteger-se contra as tragédias do povo, criando privilégios".



O senador Cristovam Buarque via como um dos objetivos principais de seu projeto "provocar um maior interesse das autoridades para com a educação pública, com a consequente melhoria da qualidade dessas escolas".



A iniciativa não foi adiante, nem parece ser a solução para a educação nacional, assim como querer que Lula utilize o SUS não melhorará o nosso sistema. Mas seria bom que nossos dirigentes parassem de fazer demagogia com assuntos como educação e saúde.



O jornal "International Herald Tribune", edição internacional do "The New York Times", publicou no fim de semana uma reportagem sobre os privilégios dos altos membros do Partido Comunista Chinês que, além de mordomias conhecidas ou previsíveis como carros luxuosos, escolas especiais para os jovens, e até mesmo produtos orgânicos cultivados em fazendas estatais e a internação no 301 Hospital Militar, o melhor da capital Beijing, incluem nada mais nada menos do que a filtragem do ar em casas e escritórios dos principais líderes chineses.



Num paradoxo somente possível em um capitalismo de Estado como o chinês, a revelação de que a nomenclatura respira um ar menos poluído do que o comum dos chineses foi feita através da propaganda da empresa responsável pela proteção dos pulmões dos líderes chineses.



A empresa se regozija em anúncios de ter espalhado nada menos que 200 purificadores de ar através do Grande Salão do Povo, o Congresso chinês onde pontifica o Partido Comunista, o gabinete do presidente chinês Hu Jintao, e o Zhongnanhai, o conjunto murado para os líderes mais importantes e suas famílias.



Entre um ar mais respirável para todos, e o privilégio para os líderes, a empresa anuncia sua opção: "Criar um ar limpo e saudável para nossos líderes nacionais é uma benção para o povo", diz um dos anúncios.



Querer que Lula tenha o melhor tratamento possível e desejar sua total recuperação é uma questão de humanidade. Mas transformá-lo em um ser intocável, imune a críticas, é pura propaganda.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"O Monstro" - Veríssimo

O fabuloso escritor Veríssimo, em crônica de hoje, 18/08/2011 - jornal "O Globo", aborda "os luditas", tema muitas vezes discutido em sala de aula.
Achamos por bem reproduzir a integra do texto publicado para novas reflexões.

"Marx não chegou a pedir que esquecessem tudo que ele tinha escrito mas confessou que a invenção do trem e do navio a vapor o forçavam a repensar algumas das suas teorias sobre o futuro do capitalismo. Os seguidores de Ned Ludd, chamados luditas, trabalhadores na indústria têxtil inglesa, se revoltaram contra a invenção de teares automatizados que ameaçavam seus empregos no começo do século dezenove e pregavam a destruição de todas as máquinas que substituíssem o trabalho humano. A história social e econômica dos Estados Unidos se divide em antes e depois da massificação, pela Ford, da produção dos seus carros, que empestavam o ambiente, além de assustar os cavalos, e foram duramente combatidos.




Reações a novidades tecnológicas se repetem ao longo da história, movidas pelo medo à obsolescência, como no caso dos luditas, incompreensão ou apego ao passado. O capítulo mais recente e mais curioso dessa briga é a decisão do governo inglês de restringir o uso no país das redes sociais, que todo o mundo achava maravilhosas até revelarem um potencial subversivo que ninguém previra. Enquanto os tuíters e os facebooks animaram as revoltas contra os déspotas e por aberturas democráticas nas ruas árabes, tudo bem.



Eram as redes sociais, o produto mais moderno da engenhosidade humana, usadas para modernizar sociedades atrasadas. Mas descobriram que os quebra-quebras e queima-queimas nas ruas inglesas estavam sendo, em grande parte, também tramados na Internet. Epa, disseram os ingleses, ou o equivalente em inglês. Aqui não.



Conservadores e trabalhistas se uniram para condenar a violência e o vandalismo e negar qualquer outra motivação, além de banditismo nato, para a rebelião. E todos, presumivelmente, concordaram com as medidas do governo para evitar novos distúrbios, incluindo o controle das redes sociais. Resta saber se o controle ainda é possível. O monstro talvez não seja mais domável. Já acabou com qualquer pretensão a se manter segredos oficiais secretos, já invadiu a privacidade de meio-mundo e tornou a pornografia acessível a todas as idades e já sentiu o gosto do sucesso como instigador de revoltas – sem falar que ninguém mais consegue viver sem ele.



Agora pode não haver mais o que fazer. Se tivessem parado na invenção do trem"...

domingo, 10 de julho de 2011

Jornal do Brasil - Rio - Facha: após demissões de professores, alunos temem pela qualidade do ensino

Jornal do Brasil - Rio - Facha: após demissões de professores, alunos temem pela qualidade do ensino

Alunos da Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), tradicional instituição de ensino de Botafogo (Zona Sul do Rio), denunciaram ao Jornal do Brasil a demissão de mestres e coordenadores nesta quinta-feira (30). Segundo os estudantes, o número de demitidos chega a 17 e pode comprometer a qualidade de ensino na instituição.




Um diretor da unidade de Botafogo alega que o número de funcionários demitidos é de 14 e os cortes foram necessários para o 'bom funcionamento da unidade'.



A principal queixa dos alunos é com relação ao não esclarecimento sobre os novos rumos da faculdade. Eles reclamam que as demissões foram feitas logo depois da contratação da empresa de consultoria Comatrix para gerir a faculdade. A empresa teria sido a responsável pela gestão da UniCarioca e da Estácio de Sá.



"Estão tentando transformar a Facha numa universidade qualquer. Esta faculdade nunca foi um lugar apenas para conseguir um diploma, mas sim para formação dos estudantes como cidadãos. Trata-se de um lugar para a democracia", acusa o presidente do Diretório Central dos Estudantes, José Roberto Medeiros.



Nesta sexta-feira (30), cerca de 100 estudantes se reuniram com um representante da empresa Comatrix, mas alegam que o encontro não contribuiu para o entendimento.



"O enviado da Comatrix falou bastante, mas não explicou nada. Foram respostas completamente evasivas.", criticou José Roberto, antes de acrescentar: "Temos medo da lógica puramente mercadológica, que deve ser adotada pela Facha".



Uma nova reunião está prevista para esta segunda-feira (4) entre os alunos e um gestor da instituição.



Jornalista conhecido por participar do sequestro do embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick, em 1969, o professor Cid Benjamin foi um dos demitidos desta quinta-feira (30). Ele não vê com bons olhos as mudanças na instituição.



"Ontem (quinta-feira), recebi um telegrama dizendo que os meus serviços não seriam mais necessários a partir do segundo semestre deste ano", conta. "Os professores demitidos são os que mais resistiram a este modelo de mercantilização do ensino".



Diretor da Facha alega 'ajustes necessários'



Diretor das unidades Botafogo e Méier da Facha, Saulo Lino procurou o Jornal do Brasil nesta sexta-feira (1º) e informou que os cortes de professores fazem parte de algumas modificações pelas quais a faculdade deve passar.



"Perdemos muitos alunos ao longo do último ano e, como qualquer empresa, estamos adequando o nosso quadro docente e administrativo às nossas necessidades. Precisávamos revitalizar o nosso quadro.", explicou Saulo.



Segundo ele, o corte trata-se de apenas 10% dos mestres, já que a instituição dispõe de 145 professores.



Questionado sobre o fato de os professores demitidos serem os mais antigos da Casa e sobre uma possível venda da faculdade, o representante rechaçou as duas acusações de alunos.



"Não houve preferência pelos mestres mais antigos. É mentira. Além disso, a Facha não pode ser vendida, porque é uma empresa privada de caráter filantrópico", finalizou.



Lista de demitidos



Os professores demitidos, segundo lista divulgada pelo Diretório Central dos Estudantes, foram: Drauzio Gonzaga, Naílton Agostinho Maia, Aluízio Pires, Adilson, Cid Benjamin, Francisco Duque, Sebastião Martins, Luiz Carlos Rotberg, Stan Félix, André Sampaio, Sérgio Gramático, Maria Célia, Maria Cecília, Nilceia, Rosângela Ainbinder, Cilene e Valderez Laroche.