segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Depois do susto



Amores, memória, humor e morte passeiam pelo novo livro do escritor gaúcho, o primeiro lançado após seu grave problema de saúde no ano passado. “Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos” reúne dez textos, quatro deles inéditos, mas Luis Fernando Verissimo não vê influência da doença em seus textos recentes

Por Leonardo Cazes

Na noite do dia 21 de novembro de 2012, o escritor Luis Fernando Verissimo foi internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O mal-estar, que parecia ser provocado por uma gripe, se revelou algo bem mais sério. Foram 24 dias até a alta, em dezembro. E Verissimo só voltou a escrever suas colunas para o GLOBO em janeiro deste ano. Logo no primeiro texto, “Desmoronamento”, ele falou sobre o assunto: a morte aparecera como uma viagem em um elevador de loja de departamentos. Em cada parada, em vez do ascensorista anunciar “Lingerie” ou “Adereços femininos”, dizia “Desce aqui e salva tua alma” e “Pense no que poderia ter sido”. No final, o prédio de lata do seu sonho não desmoronou sobre o seu corpo espatifado no chão e o escritor voltou para casa. Passados 10 meses, o escritor lança o primeiro livro após o susto, “Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos” (Objetiva), uma coletânea que traz 10 textos de ficção, sendo quatro inéditos, entre eles o que dá nome à obra. Os outros seis foram escolhidos a partir de sua produção para os jornais, como o próprio GLOBO e “O Estado de S. Paulo”. A morte aparece explicitamente em dois textos: “Memória” e no inédito “A mulher que caiu do céu”.
No primeiro, um homem à beira de um ataque cardíaco consegue lembrar a receita de um martíni perfeito, de um antigo goleiro do Botafogo, mas não onde deixou os remédios. Curiosamente, o texto é o mais antigo de todos e o autor nem se lembra onde foi publicado originalmente. Já no segundo, a morte é uma mulher que não consegue cumprir a sua missão de matar o protagonista José Roberto ao sentir uma profunda empatia por ele e sua família. Em entrevista respondida por e-mail, de Porto Alegre, dois dias antes de completar 77 anos, na quinta-feira, Verissimo conta que não notou uma influência da internação nos textos do livro, até porque muitos já estavam escritos. A maior mudança, talvez, tenha sido na sua própria vida. — Sou cardíaco, mas a internação foi por outro motivo, uma solerte bactéria que atacou os rins e quase me matou. O susto não teve nenhum efeito, que eu notasse, nos textos do livro, e alguns já estavam escritos, eram pré-susto. O efeito do susto na minha vida foi o de diminuir a certeza de ser imortal, que todo mundo tem um pouco. Foi isso, passei a me sentir um pouco mais mortal — diz o escritor gaúcho. Os quatro inéditos têm em comum o protagonismo da relação entre homem e mulher. Em “Os últimos quartetos de Beethoven”, a vida de cinco garotos gira em torno da enigmática e encantadora Livia, a primeira da turma a fumar maconha, a fazer tatuagem, a usar brinco numa orelha só e, de quebra, ainda tocava violoncelo — a música é um tema caro ao autor, que toca saxofone e é integrante do grupo Jazz 6. “Livia era Livia, as divindades não precisam contar os detalhes banais da sua existência”, escreve. Já em “Lo” o menino Zé Maria, rebatizado de “José José”, se envolve em um tórrido romance incestuoso com sua mãe adotiva, uma nobre europeia decadente, Dolores Fuertes y Obregon. Os dois cruzam vários países da Europa numa fuga até que uma tragédia provoca a separação. A história do casal é uma referência aberta a “Lolita”, de Nabokov, só que com sinal invertido. No caso de “O pôster”, João e Maria formam um casal que chega aos 30 anos e vive a apreensão de receber André, o chefe de João, para jantar. Tudo indica que a visita é um teste para uma possível promoção. Antes da chegada, João decide retirar o pôster de Che Guevara pendurado na parede da sala, esconder o seu exemplar do clássico “Veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, e só não consegue arrumar um lugar para os livros da mesa de centro, sobre Picasso e Francis Bacon. “Um comunista e um veado. E se ele examinar os nossos CDs? Muita Mercedes Sosa”, ironiza Maria. Depois, o interesse do chefe por João se revelará um tanto ambíguo.
 
Verissimo afirma que várias pessoas já apontaram a recorrência do tema em seus trabalhos, como na série “Comédias da vida privada”, mas ele não sabe apontar uma razão clara. — Já me chamaram a atenção para o fato de escrever muito sobre casais, e casais se desfazendo. Não é a minha experiência pessoal, estou casado há 50 anos com a mesma mulher. Talvez seja por isso mesmo que a eterna guerra entre essas duas nações, a masculina e a feminina, me atraia tanto, como um observador não combatente. Para o escritor, o que une as ficções da coletânea é a sua diversidade. — O que liga os dez textos é justamente a variedade, de tamanho e enfoque. Há coisas humorísticas e coisas mais sérias, ou pelo menos mais pretensiosas, e a ideia era essa mesmo. Mas os textos já publicados na imprensa e reaproveitados foram selecionados pela editora, o que significa que o fio não foi só eu que dei. Uma reincidência que pode ser citada é das duas homenagens a Nabokov, no conto “O expert” e no “Lo”, que é um anti-Lolita — aponta o autor. O livro também traz um conto escrito para a coletânea “Vozes do golpe”, publicada pela Companhia das Letras em 2004, com trabalhos do autor e também de Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar e Zuenir Ventura. “A mancha” conta a história de Rogério, um militante de esquerda que foi preso e torturado durante a ditadura militar, mas que, após um período no exílio, fica rico comprando e vendendo imóveis e terrenos. Sua vida caminha em direção aos paraísos artificiais dos condomínios fechados contemporâneos quando ele reencontra o imóvel onde acredita que foi mantido em cativeiro. E a experiência traumática retorna com todas as suas contradições com o presente. Perguntado se quando começa a escrever já sabe se sairá um conto ou uma crônica, Verissimo elaborou uma tese simples para delimitar a fronteira entre os gêneros depois do trabalho pronto: a extensão. No caso dos textos para os jornais, ele explica que já sabe o tamanho de antemão e aí a dúvida é só se escreverá ficção ou não. — A velha questão sobre o que é exatamente crônica e quando ela deixa de ser crônica e vira conto pode ser resolvida, talvez simplisticamente, com uma regra: como crônica muitas vezes também é ficção, o que a diferencia de um conto é o tamanho. Passou de um certo tamanho, é conto. Deixa de ser um veleiro e se transforma num navio e, no caso do romance, num transatlântico. No livro há textos curtos e longos, alguns escritos para o livro e outros já publicados. Mas é tudo ficção. Assim as crônicas, apesar do tamanho, foram promovidas a contos, pela companhia. É claro que quando começo a escrever uma crônica para o jornal sei que tamanho ela vai ter, para caber no espaço. Só preciso decidir se vai ser ficção ou não — argumenta ele.
Apesar de não estar presente no livro, o futebol, outra de suas grandes paixões, também teve vez na conversa. Verissimo integrou a cobertura das últimas três Copas do Mundo com o GLOBO e participou de uma entrevista exclusiva com Ronaldinho Gaúcho, em 2006, quando o craque estava no auge. O escritor continua um observador atento da seleção brasileira e tem a sua explicação para a demora do time em engrenar: o excesso de trocas de comando da equipe. — É curioso como se experimenta técnicos radicalmente diferentes para treinar a seleção, para ver qual é o estilo que funciona. Dunga foi tentado como um exemplo de dedicação pessoal, o Mano Menezes como um pensador moderado e agora o Felipão como um empolgador sem sofisticação... Como os jogadores convocados para as últimas seleções têm sido mais ou menos os mesmos, não me admira que ainda não tenham firmado um jeito de jogar. São como um elenco que recebe um script diferente de cada novo diretor. Mas o Felipão já ganhou com seu estilo “vamos lá!”. Talvez dê certo outra vez — resume Verissimo.
 
Fonte: O Globo - Prosa - sábado 28/09/2013
 
 


O ESTILO É O HOMEM?

Arnaldo Jabor - O Estado de S. Paulo
          
Meu Deus do céu! Estou revendo as provas de meu próximo livro de artigos. Vai sair pela Editora Objetiva. Rever textos é duro; todos os deslizes da vaidade aparecem ali, na cara. O desejo de bancar o inteligente, de parecer mais culto, a vontade do roubo, do plágio, ficam visíveis, em flor. E os adjetivos? "Belo, inominável, contemporâneo." E os "portantos", os "outrossins" e os "menos que..."? Devia haver uma polícia retórica. E as repetições da mesma ideia, por medo de não ser entendido? E a vontade de se esconder atrás das palavras? Quantas metáforas nos ocultam... E a esperança de atingir uma "essência", ou pelo barroco ou pelo seco? (Eu já ia escrever: ou por Gongora ou por Graciliano, numa sórdida tentação de parecer erudito.) E o desejo de ser amado? E a vontade de influir? De mudar o mundo? E o Messias que há em nós? E o S. Francisco de Assis? E, pior, os erros de português: o "o" ou "lhe", e o "infinitivo flexionado" (é esse o nome?) Ahh, mãe... "Fazer pirâmides e não biscoitos", como queria Rosa? (Nelson Rodrigues, que odiava Guimarães Rosa, dizia que ele fazia "pirâmides como bolos de confeitaria".) Ou então "Biscoitos finos para a massa", como queria o Oswald? Ou o "Seja burro!", como queria o Nelson? Ser o quê? (Tem circunflexo?) "Por que, porque ou por quê"? Escrever é uma barra.
"O estilo é o homem", disse o célebre Buffon (quem terá sido ele?) ou "o Homem é o estilo", como disse Lacan, que eu estudei um pouco, mas... quão pouco sei... Lembro que Rubem Braga dizia que despediria o redator que escrevesse: "Tirante, é óbvio…" ou que "o trem ficou reduzido a um montão de ferros retorcidos…". Eu serei um deles?
E os desejos inconfessáveis? E a vontade de ser sempre "progressista", de jamais ser chamado de "reacionário"? E o desejo de enganar, mentir, roubar o leitor, "meu semelhante e irmão", como dizia Baudelaire, em almanaques para falsos chutadores.
E a busca do elogio? Às vezes, quebro a cara, com o elogio rancoroso: "Você escreve melhor do que filma". E o contrário: "Você devia era filmar e parar de dizer bobagem no jornal...". E o elogio terrível e burro: "Rapaz, você pra mim é o melhor escritor, depois do fulano de tal (uma besta, claro...)". Ou o elogio errado: "Cara, aquele artigo que você fez a favor do neoliberalismo foi ótimo!".
E os inimigos? Sempre de olho em meus erros. E como eu escrevo na navalha fina entre o sim e o não, entre o bem e o mal (viram como eu tento uma complexidade não maniqueísta?) ou melhor dizendo, como eu tento uma distância brechtiana do mundo, um "verfremdung effect" (viram? Alemão...) diante dos fatos ou, como eu tento fugir de definições fechadas, sou alvo de ataques de imbecis que querem subir na vida pelo "aplique" de uma "negatividade lucrativa" (upa!...) ou seja, como eu acho que a verdade está entre a cruz e a caldeirinha, sou bom alvo para as minhocas fascistas, principalmente as que se chamam de "esquerdistas" ou até de nazistinhas mesmo, que me acham "criptocomuna".
Rever um livro é "vê-lo com os olhos dos outros". (ohhh...) Que vão dizer? Meu Deus, já pensou o Luiz Ruffato ler isso? E o Antonio Candido? Se ele pega esta... E o conspícuo João Ubaldo, o grande romancista que eu lancei na Revista da UNE em 1963, com o antológico conto Josefina? Que vai dizer? Rever provas de livro é feito arrumar a casa, como minha mãe dizia: "Não reparem..., a casa não está arrumada ainda...". Em suma, como ser humilde e maravilhoso? Como arranjar um título que englobe minha "complexa alma"? Que seja simples, discreto, e "profundamente inteligente"? Terei sido suficientemente indecifrável para ser contemporâneo e genial como David Foster Wallace ou para evitar a farsa de gente como Murakami? E o Bolaño? Conseguirei o inexplicável sucesso, como em Detetives Selvagens? Terei lido a Review of Contemporary Fiction com afinco? Como escrever sem esperança de sentido? Tenho de caprichar bastante para ser "distópico". (Viram, como tento me atualizar?)
E aí lembrei de Nelson quando diziam que seu texto era coloquial e pobre: "Só eu sei o trabalho que me dá empobrecer meus textos" ou de João Cabral: "Não perfumar a flor..." ou do Eça-narrador querendo impressionar o Fradique Mendes: "A forma de V. Exa. é um mármore divino com estremecimentos humanos" ou Mallarmé ("La chair est triste, hélas, et j'ai lu tous les livres" ou "Definir é matar; sugerir é criar!". (Profusas citações... viram?)
Em seguida, mostrarei alguns vexames que eu tirei do original (ohh, como ele é autocrítico e sincero!): "Mede-se esta ideia pela eficiência de uma práxis" ou "Michelangelo fez Pietà arrastado pelo amor de atingir o gesto humano no mármore". Eu escrevi isto? Escreveu sim, seu idiota. Ou isto: "Tudo não passa de indignação transida de esperança, remota oscilação na escala Richter da alma". Ou ainda: "Já começou o tempo de se tecer uma nova fome de utopias". E, os espantosos: "Há algo de sodomia purificadora naquele ritual sem Deus" e "nauseados, lamentamos o estar no mundo". Pode, uma coisa dessas? Já os arranquei do texto. E o que me escapou e que meus inimigos verão com a "maligna lupa do rancor"? (Opa!...)
Outra coisa angustiante é rever seus próprios truques. Movemo-nos entre quatro ou cinco categorias, meia dúzia de conceitos, somos muito mais falados pelas palavras do que as falamos (oh, truísmo!...). Rever provas é se rever num espelho cruel (anúncio de cosmético?). Então o que resta de mim nisto tudo? O espaço entre as palavras? Não sei, mas publicar um livro é morrer um pouco... (Coelho Neto?), publicar um livro é padecer num paraíso (quem?), publicar um livro é fugir da morte (Nietzsche?), publicar um livro é sublimar uma sexualidade perversa (Freud?), publicar um livro é o espírito querendo se libertar da finitude (Hegel?). É o que, afinal?

Fonte: www.estadão.com.br/cultura



           

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A troca

VERISSIMO - O Estado de S.Paulo
           
A substituição da máquina de escrever pelo computador não afetou muito o que se escreve. Quer dizer, existe toda uma geração de escritores que nunca viram um tabulador (que, confesso, eu nunca soube bem para o que servia) e uma literatura pontocom que já tem até os seus mitos, mas, mesmo num processador de texto de último tipo, ainda é a mesma velha história, uma luta por amor e glória botando uma palavra depois da outra com um mínimo de coerência, como no tempo da pena de ganso. O novo vocabulário da comunicação entre micreiros, feito de abreviações esotéricas e ícones, pode ser um desafio para os não iniciados, mas o que se escreve com ele não mudou. Mudaram, isso sim, os entornos da literatura. Não existem mais originais, por exemplo. Os velhos manuscritos corrigidos, com as impressões digitais, por assim dizer, do escritor, hoje são coisas do passado - com o computador só existe versão final. O processo da criação foi engolido, não sobram vestígios. Só se vê a sala do parto depois que enxugaram o sangue e guardaram os ferros.
Nos jornais, o efeito do computador foi muito maior do que o fim da lauda rabiscada e da prova de paquê. O computador restabeleceu o que não existia nas redações desde - bem, desde as penas de ganso. O silêncio. Um dia alguém ainda vai escrever um tratado sobre as consequências para o jornalismo mundial da substituição do metralhar das máquinas de escrever pelo leve clicar dos teclados dos micros, que transformou as redações, de usinas em claustros. A desnecessidade do grito para se fazer ouvir mudou o caráter do jornalista para melhor ou o fim da identificação com um honesto e barulhento trabalho braçal lhe roubou a velha fibra? Talvez ainda seja cedo para saber.
Mas é no futuro que a troca do preto no branco pelo impulso eletrônico fará a maior confusão. A internet está cheia de textos apócrifos, inclusive alguns atribuídos a mim pelos quais recebo xingamentos (e tento explicar que não são meus) e elogios (que aceito, resignado), e que, desconfio, sobreviverão enquanto tudo que os pobres autores deixarem feito por meios obsoletos virará cinza e será esquecido. Nossa posteridade será eletrônica e, do jeito que vai, será fatalmente de outro.
 
 

O papel do advogado

Por Eduardo de Moraes - O Globo - 16/09/2013
 
As vésperas do desfecho da Ação Penal nº 470 - a do mensalão -, nos deparamos com artigos variados, cujos autores, tanto leigos quanto profissionais do Direito, abordam a lentidão do julgamento, com críticas a alguns ministros pelos extensos votos. Outros, em número menor, contaminados pela pressão popular por uma condenação, fulminam o papel do advogado criminal.
É preciso reconhecer como salutar para a democracia e para uma justa decisão judicial a apresentação de recursos - os embargos de declaração e os infringentes - e os profundos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, com suas discussões e debates acalorados.
E não há como se indignar com o fato de alguns definirem o papel do advogado, e sua efetiva contribuição para a sociedade democrática, com expressões como "chicaneiro" e "manuseador de medidas protelatórias". Fazem um desfavor à Justiça.
A Constituição brasileira, em seu artigo 5º, LIV, garante que "aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes". É dever e direito do advogado utilizar-se do recurso, ferramenta legítima e jurídica, tantas vezes quantas nosso ordenamento jurídico permitir, buscando reverter o que se entende como injustiça.
Mais grave, ainda, são aqueles que questionam se seria ético o advogado criminal defender acusado de ato lesivo ao interesse público. É ética, legítima e legal, sim, nossa atuação profissional. O estado democrático tem princípios básicos: do devido processo legal; da ampla defesa; da legalidade; da razoabilidade; da presunção de inocência; da proporcionalidade.
Importante lembrar a secular resposta de Rui Barbosa a Evaristo de Moraes, encartada em "O dever do advogado". Naquela oportunidade, meu avô, ao consultar o nosso patrono, Rui Barbosa, sobre a conveniência de atuar na defesa de um adversário partidário de ambos, ouviu a resposta: "Tratando-se de um acusado em matéria criminal, não há causa em absoluto indigna de defesa. Eis por que, seja quem for o acusado, e por mais horrenda que seja a acusação, o patrocínio do advogado, assim entendido e exercido assim, terá foros de meritório, e se recomendará como útil à sociedade."
E sobre aqueles que criticam a cobrança de justos honorários, importante salientar que, seja quem for o cliente, incumbe ao advogado trabalhar, com afinco e sem constrangimento, sendo devidamente remunerado, como em toda e qualquer profissão. Nas palavras, novamente, de Rui Barbosa, o verdadeiro advogado é aquele que não nega "jamais ao atribulado o consolo do amparo judicial e nunca fez da banca balcão, nem da ciência, mercadoria".
Esse é o nosso papel. E nossa contribuição para a democracia. Sem adjetivos, sem excessos. Cumprimos a Constituição. Nos orgulhamos de nosso trabalho. E não criamos recursos jurídicos. Seguimos a Lei e as leis. São os nossos parâmetros.