O GLOBO - ECONOMIA - 21/05/2015
Para Maurice Lévy, mídia impressa enfrenta desafios, mas é complementar ao mundo digital
SÃO PAULO - Mesmo em um mundo cada vez mais digital, os jornais continuam tendo um gosto único. É o que sustenta o presidente do Publicis Groupe, Maurice Lévy, que veio ao Brasil especialmente para anunciar a fusão entre duas das agências do grupo no país: a tradicional DPZ, fundada em 1968, com a Taterka, criando, assim, a DPZ&T. À frente do terceiro maior grupo de comunicação do mundo — que tem metade de suasRECEITAS
oriundas de campanhas publicitárias para mídias digitais —, Lévy afirma ainda que os veículos impressos não podem ser deixados de lado, porque são complementares.
oriundas de campanhas publicitárias para mídias digitais —, Lévy afirma ainda que os veículos impressos não podem ser deixados de lado, porque são complementares.
— Eu tenho repetido que não podemos opor o digital ao analógico. Eles são complementares — disse o executivo aoGLOBO
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Com relação aos jornais, Lévy garantiu que, apesar dos desafios à frente, eles mantêm um “gosto” único:
— Existem os desafios, mas ao mesmo tempo há o gosto do café, o gosto do café da manhã. Esse gosto é algo único, cada jornal tem o seu e esse gosto é insubstituível.
Mas ele ressaltou a necessidade de os jornais se adaptarem aos novos tempos.
— Os jornais, penso, têm um grande futuro e estão munidos da capacidade de se adaptar ao futuro, de desenvolver aplicativos para os dispositivos móveis, porque isso é indispensável e cria um vínculo com o consumidor, que hoje é muito diferente — disse Lévy, que brincou dizendo que ainda estava “com os dedos sujos de folhear as páginas”. — Meus dedos precisam desse contato físico e sensorial.
O Publicis tem uma forte presença no Brasil, um mercado que, na visão de Lévy, mais do que uma crise econômica, passa hoje por uma crise social.
— É uma crise na sociedade, não unicamente econômica. As consequências são econômicas, mas as dívidas são sociais. Há pessoas que estão insatisfeitas com as direções politicas. Há corrupção, greves, protestos e tudo isso, criando uma inquietação social. É algo além da economia — afirmou.
Essa visão sobre a importância dos jornais para a publicidade é compartilhada por Martin Sorrell, fundador e presidente do grupo inglês WPP, líder global do setor. Em março, Sorrell afirmou que jornais e revistas são meios “mais eficazes do que as pessoas estão supondo”.
NOVA AGÊNCIA JÁ É A 12ª MAIOR DO BRASIL
A DPZ&T, razão da vinda de Lévy ao Brasil, já nasce como a 12ª maior do país. Juntas, DPZ e Taterka investiram cerca de R$ 600 milhões em compra de mídia em 2013, de acordo com ranking do site Meio &Mensagem.
DPZ e Taterka integram a rede Publicis World Wide Brasil (PWW), que reúne ainda a Salles Chemistri, a Talent, Publicis Brasil e a AG2 Nurun. O Publicis ainda controla, no Brasil, a F/Nazca Saatchi & Saatchi, a Leo Burnett Tailor Made e a Neogama/BBH.
Apesar dos cenários econômico e social adversos, Lévy disse acreditar que a operação brasileira da Publicis voltará a crescer a taxas de dois dígitos a partir do segundo semestre de 2016.
— Esperamos avançar mais rápido do que a indústria, e o crescimento real (acima da inflação) virá em 2016. Temos que ganhar mercado, e essa fusão é extremamente importante — explicou o executivo.
A meta, segundo Lévy, é que o Brasil passe da atual 8ª posição para tornar-se uma das cinco maiores operações (top five) do grupo no mundo, dentro de até quatro anos:
— Queremos que o Brasil seja um dos nossos cinco maiores mercados. Essa é a nossa meta.
O executivo afirmou ainda que o Publicis tem condições de se tornar o número um do mercado publicitário brasileiro, posto hoje ocupado pelo WPP.
— O sonho que temos para este mercado é estamos à frente das transformações econômicas. Estamos mais bem preparados, e nosso objetivo é ter a melhor operação deste mercado.
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