sexta-feira, 26 de junho de 2009

O DESENCANTO DO CONSUMIDOR

IV - O DESENCANTO DO CONSUMIDOR

No anos 70 éramos uma coisa só, apelidadas pelo marketeiros de “mercado de massa”. Seduzidos pelos ícones de consumo daqueles tempos, queríamos possuir fogões modernos, geladeiras duplex, ares-condicionados, TV’s coloridas com controle remoto e, é claro, carros do ano. Estávamos permanentemente atentos às novidades anunciadas pela propaganda em comerciais divertidos ou didáticos. Tudo o que nos queríamos era chamar a atenção dos vizinhos, gritando bem alto: “Hoje eu também sou classe média.”.

Chegaram os anos 80 e com eles um estranho desejo. Bacana era ser diferente, único. Fazer parte da grande classe média já não tinha tanta graça assim. Bom era ter o carro do ano, mas um que mais ninguém tivesse. Individualistas e cada vez mais poderosos, passamos a querer tratamentos diferenciados, salas VIPs, filas especiais, recompensas pela nossa vacilante fidelidade. Para atender a nossas egocêntricas exigências, gurus de marketing desenvolveram conceitos como customização de massa, comunicação personalizada, database marketing. Embora relutantes no início, as empresas até que se esforçaram para tentar nos entender e atender.

Atualmente novos ventos começam a soprar mais uma vez. A vida ficou muito complicada e nos tornamos solitários demais nesta virada de século. Isolados uns dos outros e do mundo, não achamos mais tão divertido morar sozinhos, namorar pela internet, participar de aborrecidos “chats” e passear pelos 200 e tantos canais da nossa TV a cabo. Continuamos querendo ser tratados individualmente. Porém, nostalgicamente, desejamos voltar a pertencer a um grupo, uma tribo, uma religião, um clube qualquer, que nos aceite como somos e que nos conecte com outras pessoas semelhantes a nós.(Ler Maslow)

E como estamos reagindo hoje?

Não queremos bajulação das empresas. Conhecemos todos os seus truques de vendas. Sabemos distinguir o que é autêntico. Já temos tudo ou quase tudo de que precisamos. Enjoamos rápido de pseudo-novidades, como o celular com 200 ring tones, o relógio que indica também a direção do vento ou faz as quatro operações matemáticas no visor, a agenda e o celular que tiram fotos, a gravata mais larga ou mais fina ou o bico dos sapatos que muda a cada estação.

Vocês querem falar conosco? Então entendam isso de uma vez por todas - nós não estamos comprando só produtos ou serviços. Não acreditamos em promessas de exclusividade. Aliás, nem estamos mais interessados nisso. Trocamos de muito bom grado o exclusivo pelo inclusivo. Preferimos ouvir uma boa história do que mais uma piada nos seus comerciais. Queremos conhecer, isto sim, suas propostas sociais, se é que vocês têm uma. Estamos atentos ao que vocês dizem e fazem. Escolhemos nossas marcas como escolhemos nossos amigos, por identificação e afinidade. Parem de pensar somente nos lucros – já sabemos que não é nenhuma “palavra feia”. Vocês querem por a mão em nosso dinheirinho? Tudo bem. Mas primeiro vão ter que falar diretamente e conquistar nossos corações.

Escrevendo sobre a reflexão de “O (DES)ENCANTO DO CONSUMIDOR” assim se expressou a aluna PRISCILLA PEREIRA BATISTA:-


O consumidor do século XXI encontra-se muitas vezes perdido nesta selva capitalista, já que suas vontades e seus desejos estão muito além da compra do produto. Para encantar um cliente já não basta mais oferecer sonhos de consumo, pois vivemos sob novo julgamento de valores em que o dinheiro não deve comprar a dignidade e o respeito de ninguém.

Muitas empresas trabalham com sua filosofia pautada apenas no lucro, logo, mesmo que tratem mal seus públicos, havendo lucratividade para eles, nada é reanalisado. Mas, felizmente o jogo está começando a mudar. O que era um encanto tornou-se um desencanto: o consumidor deste novo milênio mudou seus juízos de valores, acreditando mais nos seus direitos enquanto cliente e cidadão, e menos nas promessas falsas de um capitalismo anti-ético.

O público está mais informado e também mais inconformado. Não só estão criticando mas exigindo seus direitos. O consumo existe há várias décadas, porém a visualização dos direitos do consumidor, só veio à tona em somente míseros 17 anos. O cliente consciente obteve uma vitória com o poder normativo, mas estamos muito aquém do ideal, do respeito que as relações de consumo deveriam ter.

Enfim com todas essas reformas legislativas que derivaram do cliente insatisfeito, muitas empresas começaram a mudar a forma de gestão. Novos conceitos e valores foram atribuídos tanto para encaixar-se na letra da lei, mas também porque começou a ter uma péssima demanda. O código de ética finalmente saiu da gaveta e os valores humanos estão aparecendo. Dificilmente, enquanto consumidores, saberemos se a real proposta da empresa é somente o lucro ou se realmente preocupam-se de maneira ética-responsável, porém, de uma maneira ou de outra, todas estão começando a ter que “dançar conforme a música”.

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