quarta-feira, 24 de junho de 2009

O QUE SÃO OS EDITORIAIS?

O que são os editoriais?

· Textos de revistas ou jornais que expressam o posicionamento da empresa sobre algum assunto, sem se preocupar com a imparcialidade. Não só os editoriais exprimem a opinião do veículo, mas a organização das notícias, as manchetes, as intenções que deixam transparecer ao longo do material jornalístico.

Um jornal publica sua visão sobre fatos atuais, regionais ou nacionais, nos editoriais. Podemos dizer também que o editorial é um texto opinativo não assinado que reflete a posição coletiva da redação do jornal, revista, TV ou rádio. Editoriais não são notícias, são opiniões baseadas em fatos. Por exemplo, os editoriais podem criticar a atuação de autoridades públicas como o prefeito, o governador, ministros, Presidente da República, etc. Por outro lado, podem também elogiar pessoas por suas contribuições. Seja qual for o assunto, os veículos esperam que seus editoriais aumentem o nível de discussão na comunidade.
No jornal impresso / revistas, isto ocorre de duas maneiras que são familiares para o leitor: as cartas ao editor e os artigos de opinião editorial. As cartas estão sempre entre as seções mais lidas de um jornal, pois é onde os leitores expressam suas opiniões. Alguns jornais limitam as cartas a um determinado número de palavras, 150, 250 ou até 300, enquanto outros publicam cartas de qualquer tamanho. Os artigos de opinião editorial normalmente têm de 850 a 1000 palavras. Os jornais têm espaço para cartas ao editor e artigos de opinião editorial, disponíveis como parte de sua contribuição para o diálogo.
O editorial é dirigido por um redator que não trabalha no setor de notícias. Pessoas que trabalham em jornais chamam isso de "separação entre a Igreja e o Estado", o que significa que há uma linha que não deve ser ultrapassada entre notícia e opinião. Se esta linha for ultrapassada, o jornal perde seu bem mais valioso, a credibilidade. Por este motivo, os redatores em alguns grandes jornais são subordinados ao editor, que é o diretor-geral da empresa, e não ao editor-executivo (em alguns jornais ele pode ser). Seja qual for o modelo da organização, nenhum dos dois departamentos pode dizer um ao outro o que publicar no jornal.
Por ser uma manifestação do ponto de vista do grupo editorial, esse gênero jornalístico tem características especiais, que o diferenciam de outras formas de expressão opinativas, como o artigo ou a crônica. Nestas ultimas, os comentários a respeito de um fato ou de um ponto doutrinário se fundamentam em argumentos e idéias pessoais; no editorial a nota dominante é a impersonalidade.
Não é o que EU penso o que exprimo no editorial, mas o somatório do que pensa uma expressiva parcela da opinião pública, representada pelo grupo que fundou, orienta e mantem o jornal. As marcas da impersonalidade das editorias estão em duas características do gênero: - não ser assinado; - utilizar no texto a terceira pessoa do singular, ou a primeira do plural, o que psicologicamente confere maior autoridade aos conceitos expendidos. Exemplo: Este jornal tem advertido etc.; Freqüentemente temos advertido etc. Ambas as características salientam a irresponsabilidade legal do redator da matéria, pois, por ela responderá em juízo o diretor responsável do periódico, como representante do editor.
O texto do editorial é bastante condensado. Trata-se de um tipo de escrito que deve focalizar uma idéia central única, uma vez que, quando se quer exprimir várias idéias em um curto espaço, geralmente se cria confusão e não se pode concluir bem.
Características:
· Espaço ocupado não superior a ¼ de página;
· Composição em tipos maiores de sete pontos, com distância que facilite a leitura;
· Redação em linguagem simples, direta e incisiva, sem o uso de termos empolados e frases demasiados longas;
· Maior ênfase nas afirmações do que nas demonstrações, pois pretende atingir e convencer o leitor;
· Repetição regulada de idéias e conceitos, o que se poderia chamar de redundância relativa;
Vale dizer que as idades, as épocas, os séculos, os anos, sequer os meses, não dão a medida para o jornalista. O passado para ele é o dia de ontem.

O Editorial: Estrutura

De todos os gêneros jornalísticos, o editorial é, provavelmente, o de estrutura mais rígida e simples: 1) título; 2) introdução; 3) discussão; 4) conclusão, embora, em alguns casos, essas partes não estejam sempre divididas em unidades distintas.
O título, como de uma notícia ou de um texto de publicidade, objetiva atrair a atenção do leitor. A introdução visa despertar-lhe o interesse para que prossiga na leitura, que usualmente é muito breve, e consiste na formulação da notícia ou idéia que deu origem a matéria. Visa transformar a atenção espontânea do leitor, em atenção voluntária, despertar-lhe o interesse para saber o que o jornal tem a dizer sobre o assunto. A discussão expõe argumentos com vistas à interpretação dos fatos, onde o editorialista interpreta, analisa, debate os diferentes aspectos do tema. Aqui, há que expor as suas implicações, confrontá-lo com outros semelhantes, manipulá-lo, desintegrá-lo. Há que pensar não só como editor, mas como pensariam sobre o assunto os seus opositores. Há que antecipar-se às críticas e destruir previamente as objeções que seriam formuladas ao ponto de vista expresso. A conclusão pretende levar o leitor a aceitar a idéia exposta e enquadrar seu procedimento nas diretrizes traçadas. De qualquer modo, a conclusão, como adverte Mostaza [1] “... tem sempre de tomar partido, pois sua finalidade é aconselhar e dirigir a opinião dos leitores. Não se pode reservar: tem de decidir-se. O jornal esta, por essência, comprometido a dizer em voz alta, isto é, em letra de forma, o que pensa...”.


Fontes:
“Técnicas de Codificação em Jornalismo”, de Mário L. Erbolato – 1985 – 4º Ed., Vozes
“Jornalismo Opinativo”, de Luiz Beltrão – 1980 – 1º Ed., Sulina.






[1] MOSTAZA, B – “Editoriales”: in “El Periodismo – Teoria y Practica” – Barcelona 1953

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