quarta-feira, 16 de setembro de 2009

ÉTICA JORNALÍSTICA

ÉTICA JORNALÍSTICA


Em uma leitura recente do livro “Ética, jornalismo e nova mídia – Uma moral provisória”, de Caio Túlio Costa, foi possível identificar a questão da ética jornalística através de uma citação de Jean Paul Sartre, que dizia que “para conseguir administrar tantas namoradas, era obrigado a recorrer constantemente a um “código moral temporário”, que envolvia mentirinhas e meias verdades. A partir daí o jornalista afirma que um “código” parecido e aproximado costuma ser utilizado no jornalismo, em diversas ocasiões e situações, com o objetivo de justificar comportamentos julgados como condenáveis.
Sabemos que fatos relevantes são notícias que todos querem ver/saber, mas nem sempre o que as emissoras de TV, rádios, jornais e revistas divulgam, são necessariamente “verdades” jornalisticamente éticas e incontestáveis. Hoje em dia, tendo como exemplo as bases da economia, sabemos que as regras podem ser ditadas pelo valor que as informações possuem e, deste modo, até a notícia passa a ter um valor mercadológico, mas que não necessariamente precisa fugir e estar contida dentro dos princípios de conduta ética e profissional, tendo como objetivo, acima de tudo, a qualidade da informação divulgada.
Tendo como base que ética jornalística é o conjunto de normas e procedimentos éticos que regem a atividade do jornalismo, entendemos que ela se refere à conduta esperada do profissional. Mas se essa conduta está fundamentada na objetividade esperada do jornalismo, como não saber que na prática essa objetividade possa não existir, uma vez que toda construção de um texto, é um discurso, uma narrativa, onde ocorrem exposições de ideologias, valores e POSSÍVEIS INTERESSES.
A partir dessas considerações, podemos vislumbrar as faces de uma mesma moeda que envolve o jornalista e o cidadão, não diferenciando essas duas questões: a ética jornalística é a ética do cidadão.
Nesses casos o jornalista precisa ter ciência de que a informação é um direito essencial e primordial da sociedade.
Ocorre que por lidar com uma questão desafiadora, a informação, o profissional se depara com situações que primam pelos interesses das empresas e da imprensa. São questões distintas que desafiam a área, visto que os interesses da imprensa estão voltados para a qualidade da informação e a verdade dos fatos. Já os interesses da empresa, expõem o desafio de atender ao chefe, ao patrão, aos “donos do jornal” ou que realmente deve ser revelado como conseqüência da apuração jornalística!?!? Deste modo, voltamos para a questão jornalista X cidadão. O que se faz mister afirmar é que antes de ser jornalista, ele é um cidadão. Logo uma ética não deve prevalecer sobre a outra. Aquilo que incomoda, perturba, afeta como cidadão, deveria ser levado à tona como profissional. Claudio Abramo (2002), em “A Regra do Jogo”, afirma que: “o papel do jornalista é o de qualquer cidadão patriota, isto é, defender seu povo, defender certas posições, contar as coisas como elas ocorrem com o mínimo de preconceito pessoal ou ideológico, sem ter preconceito de não ter preconceitos. O jornalista deve ser aquele que conta a terceiros, de maneira inteligível, o que acabou de ver e ouvir”.
Mas se o jornalista mantém sua ética, segue a regra que lhe é estabelecida, quais os verdadeiros motivos que levam a “corrupção” da imprensa? Alguns especialistas afirmam que as deformações da imprensa, e da mídia em geral, são menos um atributo do jornalista e mais das empresas jornalísticas. Como destaca Eugênio Bucci (2000), em “Sobre a ética da imprensa”, “Os piores problemas da imprensa brasileira são problemas construídos no interior das empresas de comunicação por forças e interesses que ultrapassam os domínios de uma redação e nada têm a ver com interesses legítimos de seus telespectadores, leitores, ouvintes”.
Essa questão relaciona a ética jornalística aos interesses da sociedade e do cidadão. Bucci continua: “discutir ética na imprensa só faz sentido se significar por em questão os padrões de convivência entre as pessoas, individualmente, e de toda a sociedade no que se refere ao trato com a informação de interesse público e com a notícia”.
Temos que considerar, então, os direitos do cidadão concomitantemente aos direitos do jornalismo com o direito à informação.
Deste modo, o trabalho a ser desenvolvido deve estar baseado em investigação e apuração precisas, além de mais uma aproximada isenção jornalística que será base de uma sociedade que se propõe democrática.


Bibliografia
1. ABRAMO, Claudio, A Regra do Jogo, São Paulo, Companhia das Letras, 2002.
2. BUCCI, Eugenio, Sobre ética e imprensa, São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
3. COSTA, Caio Túlio, ética, jornalismo e nova mídia, uma moral provisória, Jorge Zahar Editor, 2009.
Trabalho elaborado pela aluna Viviane de Sant’Anna Mariano, turma C536E, que autorizou a reprodução.

Um comentário:

  1. Caro Adílson, seu blog é muito bom e está me ajudando a estudar para concursos na área de jornalismo.
    Muito obrigado!
    Um abraço!
    André
    (www.ocomentaristadocelular.blogspot.com)

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